O cientista político Rubens Figueiredo, em seu livro "Sofrendo Feliz da Vida", analisa o clichê de que o brasileiro arruma sempre um jeitinho para sobreviver às intempéries do dia a dia. Apesar de ser um país pobre e socialmente desigual, o Brasil se destaca em rankings internacionais de felicidade. Figueiredo recorre a dados estatísticos e discussões acadêmicas antigas para explicar o fenômeno. Ele cita Sérgio Buarque de Holanda e seu conceito de "cordialidade", e Oswald de Andrade e seu Manifesto Antropófago. O autor também apresenta um levantamento do instituto Ipsos sobre os conceitos de satisfação e felicidade em diversos países, que mostra que o brasileiro é o povo que disse estar mais feliz da vida do que satisfeito com as condições de seu dia a dia. Figueiredo arrisca hipóteses culturais para definir a situação, lançando mão de um divertido arsenal de anedotas públicas e privadas em diferentes áreas. Ao fim da obra, ele entra no espírito da autoironia e se rende à dificuldade de explicar de maneira científica o espírito do brasileiro.